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Cigarras Desempregadas

Posted By on dez 15, 2009 | 0 comments



“Não me peçam para dar a única coisa que eu tenho pra vender”. (Cacilda Becker)

Sempre que posso eu volto a citar essa frase, que vi pela primeira vez em um artigo inesquecível no blog do Júlio Carrara. Talvez hoje ela pudesse ser adaptada para “não baixe ilegalmente a única coisa que eu tenho pra vender”.

Não vou começar mais um protesto anti-pirataria. Isso já deu o que tinha que dar. Se nem o ex-Ministro da Cultura (que já foi tarde) se preocupou com o assunto, quem sou eu pra falar alguma coisa?

Eu? Eu sou só alguém que costumava viver da música. Não a minha, claro. Não canto nem no chuveiro em consideração aos vizinhos. Mas na minha família era assim que se pagavam as contas, desde que Eduardo Bourdot chegou aqui, lá pelos idos de 1900. E não vejo nenhum glamour nisso. À parte os mitos que se criam em torno de um artista, garanto que aqui nos bastidores a música é só mais um jeito de ganhar a vida.

Esse pensamento era tão assimilado na minha casa que uma vez, quando meu irmão tinha uns 20 anos (uma ovelha negra, que trabalha com tecnologia) e estava sem trabalho, minha vó comentou: “Mas por que é que ele não vai aprender um instrumento, fazer música? Ele já é adulto. Precisa começar a levar a vida mais a sério”.

Outro episódio que vale o registro foi quando minha irmã tinha 5 anos. Uma amiga da minha mãe, cantora, estava contando para ela a história da cigarra e da formiga. Minha irmã achou a mensagem confusa e disse: “Ué! Mas a cigarra trabalhava. Ela não cantava?”.

Por isso era estranho quando na minha infância alguém perguntava: “O que a sua mãe faz?” E eu: “Música.” E sempre a reação: “Que legal! E ela trabalha com o quê?”.

Mas um dia aconteceu o que ninguém esperava: a música digital. Acho que nenhuma notícia publicada até hoje conseguiu traduzir a verdadeira dimensão do que foi isso para toda uma cadeia produtiva.

Imagine que num intervalo de uns dois meses, seu salário perca um zero. De repente. E você não tem a quem recorrer. Não tem greve pra fazer. É a sua profissão sendo exterminada. Ninguém escapou. Foi a peste negra, a gripe espanhola. O compositor, o cantor, o músico, funcionários das gravadoras, as próprias gravadoras, o técnico de som, o fabricante de mídias, o distribuidor, o lojista. E música não é café que você queima pra estabilizar preços. O que aconteceu foi um arrastão. Um bando de gente baixando, comprando pirataria, sem a menor noção da pilhagem que aquilo representava.

Aí começaram as teorias. Culpa das gravadoras, que investiram nos pagodes e sertanejos, deseducando o povo. Culpa do governo, com seus impostos. Culpa dessa geração, que só produz porcaria. Culpa da tecnologia.

Vamos lá. Quem tiver coragem de admitir que a culpa é do caráter humano, levanta o mouse.

Porque o negócio sempre foi levar alguma vantagem. Isso não é mérito de governo nem de brasileiro. É geral. É o “pague dois e leve três”, é o prazer de sentir que foi mais esperto. Não é questão de preço, de “quanto”. Já virou comum ver nossos amigos comprando aquele monte de DVDs pirata que vêm naqueles saquinhos do camelô. “É mais barato que alugar!”. Uau! Essa nossa burguesia me enche de orgulho!

E agora, vamos aos livros. Acabo de ler a notícia de que as empresas brasileiras estão correndo pra se adaptar aos livros digitais. E as livrarias acham que vão virar e-bookstores. E os ecologistas acham que vamos gastar menos papel. E os otimistas acham que a cultura ficará mais acessível. E eu acho que já baixei esse filme. Não se iludam: o final não é feliz.

O difícil agora vai ser arrumar quem produza essa cultura, porque “o poeta é um homem que tem fome como qualquer outro homem”, como no poema de Cassiano Ricardo. Quem paga as contas? Talvez os artistas tomem, enfim, vergonha e arrumem um trabalho “sério” como o resto do mundo.

Deixo aqui o link de uma cigarra que, apesar de não ter carteira de trabalho como as úteis formigas, também faz parte da cadeia produtiva.

Pode clicar. É de graça.

 

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