A Revolução de Hamilton

Posted By on jul 5, 2016 | 0 comments


Você pode não gostar de História. Pode não gostar de Broadway. Pode inclusive não gostar de hip-hop. Mas é impossível não ficar extasiado depois de ouvir “Hamilton“, a obra-prima de Lin-Manuel Miranda vencedora de 11 Tony Awards em 2016 e que virou um fenômeno mundial.

Esqueça a imagem tradicional da Broadway. Em “Hamilton”, o brilhante Lin-Manuel Miranda usa hip-hop, Rhythm & Blues e pop para contar a história de Alexander Hamilton, um dos fundadores dos EUA.

Esse nome pode não significar tanta coisa por aqui, onde a história norte-americana é ensinada superficialmente ou, pior, apresentada com o velho discurso rancoroso disfarçado de resistência contra um suposto monstro imperialista. “Hamilton” é uma boa oportunidade para aprender como a grama do vizinho do norte acabou ficando mais verde.

O tema pode dar a impressão de que “Hamilton” é um musical chato, político, ufanista, um tipo de “O Patriota” com sapateados. Eu também caí nessa. Mas a combinação de minhas duas paixões, História e Broadway, me levaram a dar uma chance, só pra dizer que ouvi. Como descreveu perfeitamente um artigo do Telegraph, esse é o primeiro dos 12 estágios da obsessão por “Hamilton“.

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Não sei se por influência ou coincidência, mas a narrativa tem algo de “Jesus Cristo Superstar”. A história é contada pelos olhos de Aaron Burr que, assim como Judas de JCS, é o grande “frenemy”, o amigo/inimigo, aquele que admira e inveja o protagonista e que acabará sendo o responsável por sua morte.

A força das músicas é indiscutível, mas para conhecer esse musical é fundamental acompanhar as letras, cheias de poesia e de história.

Logo na primeira música, “Alexander Hamilton“, Burr abre com uma breve biografia de Hamilton, “como um bastardo, órfão, acabou se tornando um herói?”. Outros personagens, como Jefferson e Washington, complementam a apresentação de Hamilton, um pobre coitado nascido no Caribe, até o lindo final da abertura com sua chegada em Nova York. Esse número foi apresentado no Grammy e pode ser visto nesse link ou no vídeo abaixo. A emoção de Miranda (que interpreta Hamilton, além de ser autor das músicas) é contagiante. Clique aqui para acompanhar a letra completa.

Tudo que vem a seguir é absolutamente lindo. Para destacar algumas das músicas, a bela “The Story of Tonight“,  com a reunião dos futuros fundadores dos EUA se preparando para inciar a revolução. O grande senso de humor em “You’ll be back“, cantada pelo ainda não louco rei George, numa balada romântica-pop, claramente tradicional em contraste com o resto da trilha. A lindíssima “Helpless“, um R&B que narra a história de Eliza e Hamilton, e descreve de forma doce uma garota se apaixonando. Ouvi umas 30 vezes.

O ponto alto desse Primeiro Ato é, naturalmente, “Yorktown (The World Turned Upside Down)“, a fantástica narrativa da vitória dos revolucionários. Essa música foi a escolhida para representar “Hamilton” no Tony Awards, com direito a uma apresentação de Obama, e o vídeo pode ser visto nesse link ou abaixo.

No Segundo Ato, Jefferson volta da França com o ótimo R&B de “What’d I Miss?“. Brilhantes sequências de debates políticos, como a tão comentada “The Room Where it Happens” , e a dilacerante “It’s Quiet Uptown“, após a tragédia familiar dos Hamiltons. Uma campanha politica em hip-hop em “The Election of 1800“, o duelo mortal de “The world was wide enough” e o final arrebatador com “Who Lives, Who Dies, Who Tells Your Story” por Eliza, que tanto trabalhou pelo legado do marido por cinquenta anos.

Todas as musicas estão disponíveis no Spotfy ou no Youtube. As letras, você pode acompanhar por esse link.

Enfim, “Hamilton” é mais do que um musical ou uma oportunidade de conhecer melhor a história dos Estados Unidos. “Hamilton” é uma experiência poética e musical, uma reflexão sobre valores reais de liberdade, sobre o sentido de democracia, e um momento da mais pura arte.

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