Defeitos São Qualidades Viradas do Avesso

Posted By on fev 17, 2014 | 0 comments


 

“O homem precisa daquilo que nele há de pior se pretende alcançar o que nele há de melhor”. (F. Nietsche)

 

Me disseram outro dia que todo ser humano é bom por natureza. O que chamamos de maldade é só uma distorção momentânea, uma doença, uma neurose, um desequilíbrio corrigível. Não carregamos “demônios”, mas anjos caídos. Acredito nisso cada dia mais. 

Assim, todo defeito é apenas uma qualidade em desarmonia, do avesso:  o cara conservador é também determinado; o mentiroso é também criativo; o controlador é focado; o rude é corajoso; o gastador é generoso. Até mesmo o inseguro, com explosões verbais destrutivas quando se sente não gostado, é o mesmo que ama com intensidade e leal devoção.

Todos somos “Edward, Mãos de Tesoura”, ferindo sem intenção, por “não estarmos prontos”, como diz ele, por sermos ainda incompletos. Mas as mãos afiadas que cortam, esculpem arte. Ou “a mão que afaga é a mesma que apedreja”, como no poema de Augusto dos Anjos.

Ainda vivemos com pedras nos bolsos, atirando a primeira, a segunda, todas as pedras que estiverem à mão. Como fiscais do bom comportamento seguimos de dedo apontado para as falhas alheias.

Talvez uma opção seja buscar o avesso dos defeitos. Enxergar o potencial de beleza escondida. Imaginar a versão “qualidade” por trás daquela falha bruta, não lapidada. E, ao invés de cobrar correções, punir, acusar, suportar o lado negro do outro, a gente deva estimular, valorizar, trazer à tona o lado certo, o avesso do mal de cada um, o Edward escultor e não o que afaga com tesouras.

Jung disse que somos anjos e demônios. Que a gente possa então acordar os anjos uns dos outros. Até que um dia, cansados de tantos milagres, enjoados de tanta beleza e entediados de tanto perdão, nossos demônios possam enfim descansar em paz.

 

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Gene e Eu

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